|
|
"Quem viveu a construção de
Brasília e trabalhou aqui durante mais de 60 anos, conhece nossa
história, nossa cidade, nossa gente, suas conquistas e suas
expectativas."
|
Espírito
empreendedor
Pioneira de primeira hora, e brasiliense de coração.
Chegou aqui em 1957, numa memorável viagem de jipe junto com seu marido e um
cachorro, atraída pelo arrojo de Juscelino Kubitschek e pela aventura de
construir a nova capital do Brasil no meio do cerrado virgem do planalto
central. Morou na Cidade Livre em barraco de madeira sem luz, água quente, ou
telefone, e participou ativamente na construção da Nova Capital, atuando como
corretora oficial da Novacap e como revendedora de material para os primeiros
prédios da cidade.
Ainda em 1957, atuou como intérprete do fotógrafo sueco Ǻke
Borglund que veio a Brasília para documentar o cotidiano dos operários anônimos
que estavam levantando os primeiros prédios da futura capital. Como retribuição,
ganhou a coleção com 36 fotos que hoje constituem um dos mais valiosos acervos
autorais da história de Brasília. Colaborou com Darcy Ribeiro em 1961 durante a
fase de implantação da Universidade de Brasília. Em 1962, junto com seu marido,
fundou a primeira agência de viagens da capital, abraçando definitivamente o
ramo do turismo. Como empresária de turismo, fez jus a inúmeros troféus pelo
desempenho profissional exercido com ética e responsabilidade, tendo ajudado a
formar bem sucedidos profissionais que hoje se destacam na atividade. Desde
então, tem sido uma incansável batalhadora pela divulgação de Brasília no país e
no exterior.
|
|
Mas seu maior orgulho mesmo, é ter constituído uma
família genuinamente brasiliense composta pelas duas filhas, Mercedes e Gabriela, e
pelos cinco netos. A partir de dezembro de 2001, promoveu uma exposição fotográfica
itinerante em homenagem ao centenário do Presidente Juscelino Kubitschek denominada
"Memória da Construção de Brasília", com a qual percorreu doze regiões de Brasília
além do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek.
Atualmente, elabora e organiza exposições a partir de
imagens históricas de seu acervo pessoal e fotografias de álbuns particulares de
personagens e empresas pioneiras da capital atuando profissionalmente na qualidade de
curadora e historiadora.
Atividade de divulgação de Brasília no exterior.
Mercedes Urquiza
UMA MULHER QUE VIU NASCER BRASÍLIA. Diário de Lisboa
A cidadã argentina, hoje naturalizada brasileira, Mercedes Urquiza chegou ao planalto
central do Brasil em 1957, aos 18 anos, a bordo de um Jeep, com o marido. Vinha cheia
de entusiasmo, cheia de esperança e preparada para a aventura que seria a construção
da nova capital do Brasil – Brasília, a capital federal que completará 50 anos em
2010.
“Vi um recorte no jornal em Buenos Aires a anunciar a construção da nova capital do
Brasil no meio do deserto e achei fascinante. Parti com meu noivo num Jeep e a viagem
levou um mês e 18 dias, por estradas precárias e até por lugares sem estrada alguma”,
recorda Mercedes Urquiza, que desde 2003 tem percorrido o mundo a mostrar a exposição
de fotografias históricas da construção de Brasília.
A viagem por si só foi uma aventura e trouxe experiências memoráveis de partilha e
solidariedade com a gente simples que vinha de todos os cantos do Brasil e até do
estrangeiro. “Todos se ajudavam. ” Já em Goiânia roubaram-lhes a carteira e o dono da
churrascaria Kabana acolheu o casal de argentinos até que conseguissem receber
dinheiro enviado desde a Argentina.
“Na ‘cidade livre’, como era chamado o descampado onde as pessoas se instalaram em
barracões de madeira sem luz nem água canalizada, nasceu a minha primeira filha”, diz
Mercedes, revelando que ela e o marido tentavam trabalhar na revenda de material
eléctrico da Pirelli, pois Brasília precisava de tudo para a sua construção.
“Foi um momento histórico enorme. Havia muito trabalho, muito entusiasmo, muita
criatividade. E, apesar das dificuldades e falta de conforto, éramos tão felizes”,
declara Mercedes Urquiza, ainda com muita emoção ao relembrar aqueles dias pioneiros
que marcaram a sua vida.
Logo, a argentina e seu Jeep tornaram- -se a imagem de marca da época na região e
Mercedes passou a ser corretora oficial na venda dos terrenos da Novacap –
plano-piloto que, na verdade, era um grande mapa completamente vazio.
“Eu tinha de vender terrenos. A cidade inteira estava à venda. Logo percebi que devia
ir para outras cidades da região para realizar as vendas. Num ano conseguiu vender mais
de cem terrenos, sendo um deles uma quadra inteira com 44 lojas para uma das empresas
da tradicional família Matarazzo, de São Paulo.
“Tinha muita fé e muita confiança no projeto de Juscelino Kubitschek”, afirma,
lembrando que conheceu logo o então presidente brasileiro, que se deslocava à Brasília
todas as semanas para acompanhar as obras.
Grávida da segunda filha, Mercedes viu que não havia hipótese de ter uma casa no plano
Novacap – que devia acolher mais de dez mil funcionários públicos em apenas 500 casas.
“Disseram-me que seria impossível, “Disseram-me que seria impossível, só se eu fosse
falar com o presidente. E eu fui. Em 48 horas, havia uma pessoa à minha procura pelas
ruas poeirentas, com a chave de uma casa nova para nós”, revela Mercedes, que nunca
esqueceu a humanidade do presidente brasileiro, Mercedes viu a inauguração de Brasília
e vive lá até hoje. Trabalhou como intérprete do fotógrafo sueco Ake Borglund, da
National Geographic e Paris Match. Fundou uma das primeiras agências de viagens na
capital, visando divulgar Brasília no mundo todo, e agora é ela que corre o mundo a
mostrar as imagens da capital do Brasil, muitas delas oferta do fotógrafo sueco.
Mensagem da Pioneira
Em novembro de 1957, quando cheguei ao local onde tinha inicio a
construção de
Brasilia, fui
literalmente recebida por 5 mil candangos à espera de novos companheiros de luta.
Espalhados entre o
que então se denominou “Cidade Livre” (conjunto de barracos de madeira sem água, luz
nem telefone) e
os primeiros acampamentos das empresas construtoras, vinham movidos pela vontade de
trabalhar e
progredir na vida. Mas acima de tudo, pela garra de construir a nova capital do país
sob a liderança
de Juscelino Kubitschek a quem carinhosamente apelidaram de “presidente bossa nova”.
Esses pioneiros vinham dos quatro cantos do país, notadamente de
Goiás, Minas
Gerais, Pernambuco,
Ceará e Piauí. Vieram também alguns estrangeiros atraídos pelo projeto desbravador de
JK como nós
que chegamos de jipe desde Buenos Aires após uma lendária viagem de 48 dias. Ao
chegar, encontrei a
cabeleireira japonesa Virginia que lavou meus longos cabelos com um balde de água fria
tirada do
córrego e enorme simpatia. Era muito. As agruras dos primeiros dias foram amenizadas
por recompensas
que não tem preço: assisti às primeiras chuvas que caíram sobre as terras que
abrigariam a futura
capital; andei de jipe dentro do que seria o atual Lago Paranoá; conheci o real
significado da
palavra solidariedade ao embarcar no sonho coletivo de mãos dadas com aqueles que
depositaram sua
coragem e esperança em cada tijolo da nova capital; participei de serestas a luz de
velas no ermo do
cerrado quando todos cantavam embalados pelo mesmo sentimento; pisei nas primeiras
ruas abertas na
futura capital e vi desabrochar os primeiros ypes amarelos na avenida W-3 quando ainda
era de terra
batida. Presenteei a cidade com minhas duas candanguinhas, Mercedes e Gabriela; e,
sobretudo,
convivi com personagens inesquecíveis que mudaram para sempre minha maneira de ver o
mundo.
Em 1958, com um mapa do Plano Piloto vazio nas mãos, assumi a tarefa
de vender os
lotes da Novacap
que ninguém queria comprar. Nesse ano conheci o fundador de Brasília Presidente
Juscelino Kubitschek
e fiquei contagiada pelo fantástico carisma e entusiasmo com que ele impulsionava
todos aqueles que
fizeram parte da epopéia da construção. Enquanto brotavam da terra virgem as
monumentais obras de
Oscar Niemeyer, os “candangos” vivendo em clima de faroeste escreviam uma pagina da
historia que
mudou os destinos do Brasil. Eram gigantes e desbravadores cuja saga de heróis
anônimos está narrada
nas imagens da Exposição “BRASILIA 57: Uma Saga do Século XX – Fotografias inéditas de
Ake Borglund”
que, ao divulgá-la aqui e no exterior, presta-lhes merecida homenagem.
DEPOIMENTO PARA O JORNAL METRÓPOLES
A maior aventura da minha vida, teve inicio em 18 de novembro de 1957,
quando a bordo de um jipe Land Rover, da Segunda Guerra Mundial, na
companhia de meu marido Hugo Maschwitz, e de um cão policial
chamado Fleck, cruzamos o Córrego Vicente Pires, nos equilibrando sobre
duas taboas. Era essa a porta de entrada para uma rua esburacada
chamada de Avenida Central, na Cidade Livre, um cenário de Far West
com umas 5 mil pessoas vivendo em barracos improvisados. Todos
comprometidos em construir uma nova cidade, a mais moderna do
mundo, em apenas mil dias. Seria a nova capital do país, a terra da
esperança, prometida por Juscelino Kubitschek.
Essa cidade só existia no papel, seu nome era Brasília, mas já tinha data
para ser inaugurada: 21 de abril de 1960. Só que ainda não constava em
nenhum mapa do Brasil.
A chegada, após uma viagem de 48 dias abrindo caminhos, foi triunfal,
porém desoladora. Eu trazia na bagagem, além de um baú de vime com
algumas roupas e utensílios, a decisão irreversível de iniciar uma nova vida
forjada com minhas próprias mãos, em uníssono com a construção de
Brasília. Um desafio monumental e uma experiencia imensurável, tudo
relatado em meu primeiro livro “A Trilha do Jaguar: na Alvorada de
Brasília” publicado em 2018, pela Editora Senac-DF.
A pesar das agruras dos primeiros tempos, me sinto gratificada por
participar da evolução da cidade até os dias de hoje. Na verdade, eu vejo
Brasília como uma filha que ajudei a criar. E tenho certeza de que Brasília
será a terra prometida sonhada por Dom Bosco em 1883.
Felizmente, a maioria dos brasilienses da nova geração, dedica seu tempo
ao trabalho e aos estudos, não deixando espaço para jovens
desocupados. Brasília me deu tudo na vida, e haverá de inspirar as
próximas gerações de brasilienses para seguir trilhando o caminho do
progresso e de orgulho pela cidade.
Hoje, confesso que faria tudo de novo, e aconselho a quem quer iniciar
algo novo na vida : “nunca desista de nada, muito menos de seus sonhos”.
O sonho de JK terá continuidade!
Mercedes entrevistou o então presidente JK no último dia de seu
governo, para o jornal "LA NACIÓN" de Buenos Aires. Como agradecimento, recebeu a seguinte carta de Juscelino Kubitschek.
Biografia
Åke Borglund,
o fotógrafo sueco
Filho único de pai jornalista, Ake Borglund nasceu nos arredores de Estocolmo, em
1929.
Criança ainda, encontrou numa gaveta a velha maquina fotográfica da mãe, e começou a
clicar
imagens. Mais tarde, freqüentou uma escola de fotografia, tendo trabalhado depois como
repórter fotográfico, durante quatro anos, em agencias de notícias. Aos 20 anos,
quando
estava cumprindo o serviço militar na Armada Real da Suécia, recebeu um convite
prontamente aceito para integrar a equipe do “Expressen”, na época, o principal jornal
de
Estocolmo.
Anos mais tarde foi trabalhar na versão sueca da revista “Life Magazine”(chamada Se)
e, a partir daí, trocou sua Rolleiflex sucessivamente por Leicas, Canons e Nikons. Com
elas, documentou acidentes e guerras, mas também fotografou celebridades, eventos
esportivos, e
de tudo um pouco, viajando pelo mundo afora. Teve trabalhos publicados em revistas
como
Paris Match e National Geographic Magazine. Fez a cobertura de três guerras no Oriente
Médio, tendo encerrado seu trabalho como fotógrafo com a cobertura da Guerra dos Seis
Dias
em Israel. Seu trabalho lhe valeu a premiação em duas ocasiões como “Fotógrafo do Ano”
na
Suécia.
“Proporcionou-lhe também, uma viagem-prêmio a América do Sul em 1957, que incluiu
Chile,
Argentina e Brasil.
Quis o destino, que nessa jornada ele descobrisse a incipiente construção de
Brasília
e
tivesse a inspiração de documentar a história da fundação da nova capital com rara
sensibilidade. Em novembro de 1957 Ake Borglund desembarcava na futura capital onde
conheceu a pioneira Mercedes Urquiza, recém-chegada de Buenos Aires com seu marido
numa antológica viagem de jipe que durou quase dois meses. Na condição de
intérprete,
Mercedes participou da produção de 800 fotos. Como sinal de agradecimento, em 1958
ela
recebeu uma parte da coleção”.
A partir de 1967, aceitou um convite para fazer parte da redação da mesma revista
“Se”, onde
já na qualidade de repórter, fez coberturas jornalísticas no Vietnam e em Biafra.
Trabalhou na
revista semanal de economia “Teknikens Värld” onde se aposentou como editor-chefe
aos
60
anos.
Ake era divorciado e pai de três filhos. Residia num antigo chalé de madeira a beira
do Mar
Báltico com seus dois gatos de estimação. Tinha um barco para velejar, colecionava
carros
antigos, fazia longas caminhadas e manteve uma namorada firme até seus últimos anos
de
vida. Já com o estado de saúde debilitado, ele veio a falecer assistido pelo carinho
da família
em 27 de abril de 2012 aos 82 anos.
Antecedentes históricos da fundação de
Brasília
Por que mudar a capital do Brasil?
Até 1960, a bela cidade do Rio de Janeiro no litoral atlântico foi a capital do
Brasil. Mas a ideia de transferir a sede do governo para o centro geográfico do
Brasil já vinha sendo amadurecida havia longos 171 anos até transformar-se em
aspiração nacional no início do Século XX. Esse anseio tinha como fundamento maior
o de integrar todas as regiões econômicas e sociais do país, tirando da
marginalização áreas inexploradas e populações estigmatizadas pela ignorância e
pelo atraso. De fato, a interiorização da capital para o coração do país passou
para a história como o início da grande arrancada nacional nos anos 60. Ela atuou
como polo propulsor e irradiador de um desenvolvimento jamais imaginado até então.
Iniciativas históricas
A história comprova que a construção da capital do Brasil no centro do país foi
um sonho muitas vezes adiado. A primeira mudança se deu em 1763, quando a capital
do governo colonial foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro.
Revolucionários de Minas Gerais em 1789 planejaram levar a capital para o interior
desse estado. Em 1822, José Bonifácio de Andrada e Silva propôs uma emenda
constitucional que daria o nome de Brasília à futura capital do “Reino do Brasil”.
Foi o primeiro passo.
O Sonho profético
Longe de tais fatos históricos, em 1883 na pequena cidade italiana de Bacchi o
padre salesiano Dom João Bosco, revela um sonho segundo o qual surgiria “uma nova
e florescente civilização entre os paralelos 15 e 20 que chamou de Terra
Prometida”. Brasília foi construída exatamente nessa latitude.
A cronologia da transferência
A primeira Constituição do Brasil determinou em 1891 a demarcação de uma área de
14.400 km² para abrigar a Capital Federal. Já em 1893 o mapa do Brasil ostentava
um retângulo no Planalto Goiano com os dizeres: “Futuro Distrito Federal”. Um
decreto assinado em 1920 pelo Presidente Epitácio Pessoa reiterou a decisão de
construir a nova capital e, em 1922, foi lançada a pedra fundamental da futura
capital no interior do estado de Goiás. Finalmente, em 1953 o decreto-lei n° 1803
autorizou o governo a realizar a escolha do local definitivo e os estudos para a
construção de uma cidade para 500 mil habitantes numa área de seis mil quilômetros
quadrados.
Juscelino assume o desafio
Mas os fatos tomaram corpo em 1955 quando, durante um comício da campanha
eleitoral para a presidência da República na cidade de Jataí, Goiás, o candidato à
presidência Juscelino Kubitschek, prometeu que, se eleito, trasladaria a capital
do Brasil para o interior goiano. Foi uma decisão irreversível que transformou a
história do Brasil contemporâneo em “antes e depois de JK”. A partir de 1956,
novas estradas, indústrias pesadas, estaleiros, cidades e aeroportos mudaram a
face do Brasil para sempre. Foi uma revolução de otimismo e de orgulho nacional
que permitiu ao governo de Juscelino cumprir a famosa meta dos “50 anos em cinco”.
A inauguração da nova capital Brasileira
E Brasília foi inaugurada como capital do Brasil em 21 de abril de 1960. Em 2020,
aos 60 anos de vida, a cidade conta com mais de 3 milhões de habitantes e a melhor
qualidade de vida do Brasil.
DOSSIÊ DA COLEÇÃO FOTOGRÁFICA SUL-AMERICANA DE ÅKE
BORGLUND
A colecionadora do acervo
Mercedes Urquiza é uma pioneira de primeira hora, uma brasiliense de coração.
Chegou à Brasília em 1957, numa memorável viagem de jipe junto com seu marido e um
cão policial, atraída pela aventura de construir a nova capital do Brasil no meio
do cerrado virgem do planalto central. Naquele mesmo ano de 1957, o fotógrafo Åke
Borglund era um repórter fotográfico sueco premiado na Europa que fazia trabalhos
para importantes veículos da imprensa europeia, como a Life Magazine, a National
Geographic Magazine e outros mais. Em novembro daquele ano, ele empreendeu uma
longa viagem pela América do Sul.
Quis o destino que o interesse pela incipiente construção da nova capital do
Brasil o transformasse num autor cujo testemunho fotográfico ocupa um lugar de
destaque na história de Brasília. Åke Borglund deixou registrado para a
posteridade, com rara sensibilidade, o lado humano do que foi a construção da nova
capital do Brasil.
Mercedes Urquiza participou diretamente na produção das 800 fotos, visto que
atuou, a pedido do Presidente Juscelino Kubitschek, como intérprete do fotógrafo
sueco. Posteriormente, em sinal de reconhecimento pelo trabalho realizado, ela
recebeu uma pequena parte da coleção de fotografias como presente de seu autor.
Anos depois, ela foi a Suécia por duas vezes para entabular entendimentos com o
artista que culminaram com a obtenção do acervo completo que foi assim resgatado
para o Brasil em 2010 pelas mãos da empresaria e pioneira, incluindo aí duas
coleções inéditas sobre Argentina e Chile. Tendo sido nomeada como detentora
exclusiva da coleção pouco antes do falecimento de Borglund em 2012.
O acervo de Brasília produzido por Åke Borglund, documentando o cotidiano dos
operários anônimos, que estavam levantando os primeiros prédios da futura capital,
preenche todos os requisitos de raridade histórica, e foi considerado por Jorge
Ricardo Wertheim (então representante da UNESCO no Brasil) como “um trabalho
notável pelo ineditismo da abordagem do fotógrafo, pelo seu valor histórico e pela
qualidade artística”.
Atividade de divulgação de Brasília
De posse desse inestimável acervo, Mercedes Urquiza desenvolve um incansável
trabalho de divulgação da cidade de Brasília, no país e no exterior, elaborando e
organizando exposições a partir das imagens históricas de seu acervo pessoal; bem
como de fotografias de álbuns particulares de personagens e empresas pioneiras da
capital, atuando enquanto idealizadora e historiadora.
Procurando sempre resgatar e homenagear os nomes daqueles que participaram da
fundação de Brasília, foram realizadas exposições em mais de 60 países e em
diversas capitais brasileiras. As mais recentes ocorreram, durante 2017, na sede
da ONU em New York e na Embaixada do Brasil em Washington.
ACERVO AUTORAL DE AKE BORGLUND
Características do Acervo
Atualmente, o acervo fotográfico da colecionadora Mercedes Urquiza é composto por
sete séries distintas e complementares que registram o olhar do artista Ake
Borglund sobre temas do cotidiano, personagens do povo, arquitetura, paisagens,
vida urbana e rural. Enfim, um farto registro histórico documental fotográfico
composto por 494 imagens.
As séries se dividem em:
1.Histórico humanístico da construção de Brasília – composto de
cinco módulos
distintos e interligados, que funcionam como uma crônica da edificação da capital.
De um total de 155 imagens, observa-se um histórico enfoque nos registros da fase
de acabamento do Palácio da Alvorada. Destaque para uma imagem especial, feita nas
colunas do Palácio da Alvorada, onde o Presidente Juscelino Kubitscheck aparece
acompanhado de alguns pioneiros. Esta fotografia possui a assinatura manuscrita de
Oscar Niemeyer, um dos retratados.
2.Histórico arquitetônico da construção de Brasília – composto
por sete imagens
originais que registram as maquetes da cidade de Brasília, naquele ano de 1957.
3.Histórico presidencial da construção de Brasília – composto
por sete imagens
que registram reuniões do Presidente Juscelino Kubitscheck com Oscar Niemeyer e
Lucio Costa, no Palácio do Catete, na cidade do Rio de Janeiro, tratando de temas
afetos à construção de nova capital.
4.Histórico soteropolitano – composto por 93 imagens que
registram aspectos da
primeira capital brasileira, a cidade Salvador, naquele ano de 1957.
5. Histórico carioca – composto por 77 imagens que registram
momentos e
localidades da segunda capital brasileira, a cidade do Rio de Janeiro, naquele ano
de 1957.
6. Histórico especial da Argentina – composto por 41 imagens
icônicas de cenários
urbanos e de atividades rurais protagonizadas pelos “gaúchos” argentinos.
7. Histórico especial do Chile – composto por 114 imagens sobre
cenas do
cotidiano urbano e rural, paisagens da cordilheira e das praias, além de belos
retratos femininos.
NOTA: As duas séries fotográficas, com os registros feitos por Ake Borglund
durante sua estada na Argentina e no Chile, são absolutamente inéditas.
|
|
Clique nas imagens para amplia-las e ver as legendas.
|
|
|
|
|
|
|
|
|